sábado, 15 de novembro de 2008

O atrazo que chegou na hora certa

Mais uma noite em busca daquilo que gostaria que estivesse longe, mas ainda sim procurava. Sentia-se perdido num mundo que o adotava, e aceitava ser filho bastardo desta realidade.

Mais uma noite fez o que faria rotineiramente, mas algo parecida estar mudando, a convicção de sua solidez que parecia ser inabalável, rendeu-se ao admirar a figura que em outros dias passaria despercebida. O que o fez percebê-la?

Dentre os goles da cerveja que não pagou, ele observava aqueles olhos castanhos claro, e se perguntava se eles estariam o percebendo. Sua voz entoou algumas frases amigáveis e sua face alguns sorrisos sinceros, sua mão buscava o caminho do corpo daquela que o hipnotizava com gestos delicados, mesmo em toques sutis ele a sentia.

Dentre as tragadas dos cigarros que não comprou ele se questionava se um dia a teria em seus braços, se um dia sentiria o tocar de seus lábios, aquela voz doce ecoava em seus ouvidos, e como era prazeroso ouvi-la. Em outros momentos ele já tinha ouvido aquela voz, mas nunca com aquela atenção e aquela intensidade.

A noite teve seu relógio adiantado, as horas passaram mais rápidas que o normal, devido as circunstancias a hora de partir se apresentou, e sua agonia por não saber ao certo se teria oportunidade de tocar aqueles lábio, o torturava, sua leitura dos gestos parecia não querer decifrar o que ela pensava, mas também não poderia ir pra casa sem saber.

Fez a pergunta que não se faz, e como resposta teve uma frase que continha “não” no meio, mas queria dizer “sim”, então aconteceu o que ele pensou a noite inteira, e seus lábios se tocaram, numa velocidade oposta ao tempo acelerado.